
Foto: Alberto Ruy / UBEC
Ao comemorar 45 anos de serviços dedicados à formação profissional na região do Vale do Aço, o Centro Universitário do Leste de Minas (Unileste) confirma o compromisso original com a qualidade da educação oferecida aos mais de oito mil alunos que frequentam seus campi de Ipatinga e Coronel Fabriciano (MG).
Hoje com 26 cursos de graduação e 13 de pós-graduação aquela que foi a Universidade do Trabalho, criada nos anos 60, vem percorrendo uma trajetória de êxito em seu propósito de atuar como transformadora social por meio da formação que oferece no Unileste, nome que recebeu e consolidou-se sob o signo da qualidade a partir do ano 2000.
Localizado na Região Metropolitana do Vale do Aço, que responde pelo segundo maior PIB de Minas Gerais e a 34ª posição do País de acordo com o levantamento do período de 2002 a 2014 do IBGE, o Unileste ruma ao cinquentenário mantendo a dinâmica de renovação constante e identificação com as demandas regionais, nacionais e internacionais como mostra o reitor Genésio Zeferino da Silva Filho (foto), na entrevista a seguir. Ele entende que o Unileste não pode abrir mão da imagem de pertencimento percebida pela comunidade ao mesmo tempo em que precisa avançar descobrindo novos caminhos e identificando o que é preciso mudar.
UBEC – Como o senhor define este momento em que o Unileste ruma para o cinquentenário no cenário nacional da educação superior?
Genésio Zeferino – O Unileste tem uma história muito bonita na região. A obra nasceu com o Padre de Man. Instalou-se no Vale do Aço com o objetivo de criar uma unidade educativa, um movimento que contribuísse com a formação dos profissionais da região para habilitarem-se a atuar nas siderúrgicas que estavam chegando há época, particularmente a Acesita e a Usiminas. Primeiro, foi criado um colégio técnico e depois, a Universidade do Trabalho em 1969, ambos com o intuito de formar os profissionais e seus filhos, daí vem a escola de ensino fundamental. Importante é salientar que tudo isso nasceu com a cidade de Ipatinga que tem 50 anos. Nada de significativo acontece no Vale do Aço que o Unileste não seja parte envolvida. Agora que o País vive um momento de crise econômica, o qual se soma à crise internacional do aço, a região está sofrendo todos os reflexos. No Unileste, este momento é evidente na pós-graduação. É sabido que em crise a graduação é considerada uma possibilidade de sair dela, porém ainda não temos como comparar o crescimento efetivo. Já a pós-graduação não segue a mesma dinâmica de raciocínio nos períodos de dificuldades. Diante desta questão pontual, precisamos oferecer opções de financiamento aos estudantes.
UBEC – O senhor pode adiantar alguma novidade programada para este ano no Unileste?
Genésio Zeferino – Sim. Estamos iniciando o curso de Direito em Ipatinga. Serão mais cem vagas anuais a partir deste segundo semestre. Outra boa notícia é que estamos no processo de autorização, pelo MEC, do curso de Odontologia. A infraestrutura está adequada para iniciar, estamos aguardando a portaria ser publicada. Na região, será único, porque o curso de Odontologia oferecido mais próximo fica em Governador Valadares, a mais de 100 quilômetros de distância do Vale do Aço.
UBEC – Globalização já não se discute e a internacionalização tanto de organizações empresariais quanto dos seus profissionais é uma realidade. O Unileste já promove a diferenciação de seus alunos para enfrentarem este mercado com segurança?
Genésio Zeferino – A internacionalização está presente nas instituições do Grupo UBEC. No Unileste, temos convênios com algumas instituições externas para intercâmbio, participamos do Ciência Sem Fronteira com vários alunos inseridos no Programa. O Banco Santander possui um programa que incentiva a internacionalização por meio de intercâmbios no qual temos alunos participando. Estas são algumas oportunidades de preparação de estudantes para o mundo globalizado, associadas à preparação técnica que é parte do curso superior especificamente.
UBEC – O Unileste, como instituição de ensino confessional que, a partir de sua mantenedora, integra cinco congregações e uma diocese, as quais têm representatividade nos cinco continentes, estimula a internacionalização de mestres e alunos?
Genésio Zeferino – Este é um caminho. Ainda precisamos encontrar as formas de implementá-lo na prática. Há pouco tempo, participei de eventos internacionais das congregações maristas, lassalistas e salesianas. Todos têm esta abertura para o intercâmbio. Projetos concretos para implementar esta mobilização e intercâmbio direto com as instituições que fazem parte das congregações do Grupo é o que precisa para que esta experiência se torne efetiva. Paradoxalmente temos convênio com outras instituições na França, Bélgica, Canadá, Portugal.
UBEC – Há exemplos de alunos que saíram do Unileste, ingressaram como profissionais nas companhias regionais e foram absorvidos pelo mercado internacional?

Foto: Alberto Ruy / UBEC
Genésio Zeferino – Sim, há casos em que a oportunidade apresentou-se para o estudante ou ex-estudante do Unileste e ele estava preparado. Temos ex-alunos atuando em grandes corporações na França, Angola, Canadá. Recentemente, um ex-aluno contou-nos que passou em primeiro lugar em um processo seletivo nos Estados Unidos onde está se fixando. Há aqueles que não estabeleceram contato e não temos notícia da trajetória que estão percorrendo.
UBEC – Quantas e quais são as principais áreas de formação do Unileste?
Genésio Zeferino – A área com maior número de alunos é a das engenharias. O Unileste tem sete engenharias. Os cursos privilegiam também as áreas de saúde, sociais e aplicadas, na educação. Essas são as quatro principais áreas de formação.
UBEC – Contando com as melhores notas do Enade da região nos cursos de saúde, quais os diferenciais que contribuíram para este resultado quando os alunos fizeram as provas?
Genésio Zeferino – Temos o melhor Índice Geral de Cursos (IGC) da região e em nosso plano estratégico há uma meta bem clara que é ter IGC 4. Com relação à saúde, uma das razões da nota elevada deve-se ao fato de que estamos trabalhando há anos na linha das competências, leitura, compreensão e análise. Acredito que este trabalho ajudou a detectar falhas, trabalhar em cima delas. Este trabalho não é voltado para o resultado do Enade, mas para a melhoria de aprendizagem que fizemos acompanhamento por gráficos nos quais detectamos pontos vulneráveis para fazer nivelamento. Acompanhamos o rendimento do aluno. O crescimento é perceptível, o número de reprovações caiu, a média das notas evoluiu.
UBEC – Como é a relação das escolas CECMG e Colégio Padre de Man com o Unileste? A continuidade dos estudos no Grupo é natural?
Genésio Zeferino – Sim, existe integração em alguns projetos e eventos compartilhados entre a educação básica, técnica e educação superior e ainda podemos crescer nesse sentido. É significativo o contingente de alunos que ao concluírem os cursos técnicos do Colégio Padre de Man entram diretamente no Unileste.
UBEC – Como o senhor define a pesquisa científica no Unileste e sua colaboração para o desenvolvimento regional e nacional?
Genésio Zeferino – Como centro universitário nosso forte é a iniciação científica. Excluindo as universidades federais, somos a instituição que tem o maior número de bolsas de iniciação científica pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPMIG). São 72 bolsas. Considero esta realidade um reconhecimento, por parte do Estado, ao trabalho de iniciação científica do Unileste.
Também possuímos projetos de pesquisa em parceria com empresas da região. Estamos na região da Cenibra, segunda maior produtora de celulose no Brasil. Desenvolvemos pesquisas voltadas ao controle de pragas nas plantações de eucalipto da Cenibra, a partir do curso de ciências biológicas. Há cinco anos, fazemos o monitoramento da qualidade das águas nas lagoas em regiões de plantação de eucalipto da companhia. Trata-se de uma ação significativa, porque o Vale do Aço, depois da Amazônia, é uma das regiões onde se concentra o maior número de lagoas. Estamos na Mata Atlântica. Proposta semelhante estamos desenvolvendo com a siderúrgica Aperan e, na área de educação, estamos envolvidos com as escolas de Coronel Fabriciano.
O Unileste é reconhecido como a melhor instituição de educação superior da região. Outro campo em que atuamos está no plano estratégico. Somos referência além da graduação. Atuamos na área de educação corporativa, de forma customizada e vimos firmando parcerias com empresas e instituições regionais para o desenvolvimento de projetos de qualificação sob demandas específicas. Com a Aperan fazemos um trabalho que visa transferir know how de profissionais que estão se aposentando para aqueles que estão iniciando na companhia. Mapeamos as necessidades por meio da interação de professores e o RH da empresa e montamos um programa. Alguns professores são os próprios funcionários da empresa. Quando não têm a formação, o Unileste entra no suporte acadêmico. Esses cursos são fechados especificamente para uma empresa e têm processos avaliativos.
Para a Usiminas, na planta de Cubatão (SP), estamos desenvolvendo um trabalho de educação corporativa. Também ministramos cursos na formação, qualificação e atualização de diretores das escolas municipais de Coronel Fabriciano. Estamos participando ainda de um processo licitatório com a prefeitura de Ipatinga para a formação de professores da rede municipal. Um projeto que vai durar dois anos. É um nicho específico para empresas que têm necessidade de qualificação.
UBEC – Na sua visão de gestor com formação em Comunicação, Filosofia e Teologia, quais os grandes desafios de quem provê educação no século 21?
Genésio Zeferino – Acho que um dos desafios pedagógicos é compatibilizar processos de ensino demorados com a velocidade das transformações e a exigência das gerações por respostas rápidas e definitivas. Outro ponto que vimos refletindo é como passar de um sistema educativo cuja referência é o professor para uma proposta pedagógica que tenha como referência a aprendizagem. Esta é a preocupação do mundo todo e é difícil dizer que algum país já chegou lá. Não significa desvalorizar o papel do professor, que nunca será dispensável, mas perceber onde deve estar o foco do processo educativo e está na aprendizagem. A proposta no Brasil, atualmente, está focada no ensino, não na aprendizagem. Muitas vezes o professor está mais preocupado com o conteúdo e com a aula que vai dar do que em encontrar metodologias que levem o aluno a aprender de fato. O aluno tem que ser estimulado a continuar aprendendo.
UBEC – A presidente Dilma Rousseff sancionou a lei denominada Estatuto da Metrópole em janeiro. O Vale do Aço é uma região metropolitana. A elaboração do plano diretor da região passou pelo Unileste?
Genésio Zeferino – Sim e a região está na vanguarda. A região metropolitana foi constituída em 1998. Porém, efetivamente quase nada havia sido feito na sua implantação efetiva. Existia do ponto de vista legal apenas. O Estado resolveu implementar a região metropolitana e o primeiro passo foi elaborar um plano diretor de desenvolvimento que considerasse os planos municipais, mas extrapolasse. Foi realizado um processo licitatório no qual fomos contemplados e, agora, estamos entregando o plano diretor todo elaborado pela equipe técnica do Unileste a partir de profunda discussão com outros agentes sociais sobre metas, prioridades e diretrizes. O plano que abrange quatro cidades, no perímetro metropolitano, mais 27 municípios, no colar metropolitano, será entregue para a Agência de Desenvolvimento Metropolitano, uma autarquia responsável por sua implementação e gestão. Entendo que esta atividade tem tudo a ver com a vocação do Unileste por ser uma entidade de pesquisa, educação, formação e de contribuição para a sociedade. Neste documento, estamos estabelecendo políticas para a região nos próximos 30 anos. Para uma entidade que tem princípios como os do Grupo UBEC de ser uma instituição a contribuir e a colaborar com a comunidade, este plano é um legado muito grande que vai direcionar o desenvolvimento da região do Vale do Aço.